sexta-feira, 12 de setembro de 2014

João Donati, presente! - A LGBTfobia nossa de cada dia

João Donati, presente!
Os hematomas no rosto, as pernas quebradas, os papéis e a sacola plástica em sua boca apontam que João Donati, um jovem gay de apenas 18 anos, foi morto com a crueldade típica de um crime de ódio contra LGBTs. Não foi a primeira vítima letal de um crime LGBTfóbico, neste ano 205 já foram noticiados na imprensa e nos boletins de ocorrência em todo o Brasil, e não sabemos quantos ocorreram sem serem visibilizados. Um assassinato por dia, pelo menos.

No nosso dia-a-dia, sentimos a mesma violência que caiu sobre João. Quando estamos em um espaço público e demonstramos quem nós somos, seja pelas nossas roupas, maquiagem, modo de ser ou identidade de gênero, vemos várias as pessoas ao nosso redor nos olhando com desprezo ou ódio. Muitas vezes, sem motivo algum, tiram sarro de nós ou nos ameaçam. É como se nos dissessem que não deveríamos estar ali, que não deveríamos existir. Podemos responder em voz alta ou então fingir que não vemos nem escutamos e seguir o nosso caminho, mas no fundo sentimos medo porque nunca sabemos se nós seremos o próximo João Donati.
Este assassinato ocorreu seis dias depois da chamada “selfie do ano”, a foto tirada pela jovem Murielle que ficou famosa nas redes sociais, que aparece abaixo. O título é mais do que merecido. A expressão do Silas Malafaia é impagável. Nas notícias sobre a morte de João, um conhecido também segurava um cartaz com as mesmas palavras: "Abra sua mente, gay também é gente!"

Sem dúvida, a "selfie do ano"!
Nas redes sociais, Malafaia reclamou que tinha sido vítima de preconceito contra evangélicos por Murielle. Entretanto, na mesma rede, entre 16 de agosto e 2 de novembro de 2013, Malafaia citou quase nove vezes mais a palavra “gays” do que “Jesus”. A maior preocupação desse pastor é perseguir ideologicamente “os gays”, inclusive usando “figuras de linguagem” que denotam a mesma violência com que João foi assassinado. A jovem Murielle apenas expressou a justa indignação que sente contra a homofobia de Malafaia, o que nada tem a ver com o fato de ele ser evangélico. Se Malafaia não gosta da má fama que recebeu, sugiro que ele pare de pregar o ódio contra LGBTs.

A bancada fundamentalista LGBTfóbica do Congresso Nacional, que estava aliada ao PT e agora se alia a Marina, barrou o projeto de criminalização da homofobia espalhando a mentira que pretendemos tirar o direito deles à “liberdade de expressão”. Enquanto isso, jovens como João perdem seu direito à vida. Em 2011, diante das ameaças dessa bancada de abrir uma CPI contra o ministro Palocci, Dilma vetou o kit “Escola Sem Homofobia”, trocando a vida de João e de tantas(os) outras(os) LGBTs pelo cargo do Palocci, mas isso não será escrito no atestado de óbito do pobre rapaz. Este ano, Dilma, de forma oportunista, para ocupar um espaço político aberto por Marina Silva, fingiu ter mudado de lado, mas ela teria coragem de vir a público dizer que a morte de João também é sua responsabilidade? Marina Silva também demonstrou que está do mesmo lado que Dilma quando rebaixou o programa LGBT de sua candidatura. Marina Silva está com João ou com Malafaia?

A “governabilidade” do PT não é diferente da “nova política” da Marina, que pretende fazer alianças com todos os partidos da ordem, incluindo PT, PSDB e até a bancada LGBTfóbica. Essas são duas versões da mesma moral burguesa, que diz que “vale tudo” para manter-se ou para chegar ao governo. Uma sociedade livre de exploração e opressão não pode ser construída pelo Congresso Nacional, nem por ninguém que faça parte desse governo, mas somente pela ação direta das pessoas exploradas contra toda forma de opressão e exploração. Um governo que esteja do nosso lado não pode aceitar um cargo em um ministério em troca da vida das pessoas mais oprimidas e exploradas do nosso povo, pelo contrário, deve servir como ferramenta para que elas sejam as primeiras a decidir como deve ser a sociedade e quais as mudanças necessárias para construir um mundo livre de todo tipo de injustiça e desigualdade social.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Uma eventual "Constituinte Exclusiva" seria democrática?

Diversas organizações sindicais e populares, como a CUT, o MST, a UNE, o CTB e até mesmo setores do PSOL estavam, entre 1 e 7 de setembro, fazendo propaganda a favor do plebiscito popular que fazia a seguinte pergunta: "Você é a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político?". O site do plebiscito divulgava uma entrevista contendo uma informação mentirosa que enganou muita gente. Ela aparentemente foi retirada, mas ainda pode ser encontrada no site da CUT.