sábado, 19 de julho de 2014

Uma pequena palavra sobre este inusitado blog

Olá! Meu nome é Jéssica e eu tenho uma coisa a dizer.

Há até cerca de um ano atrás, eu tinha um blog, que continua no ar, mas está abandonado. Sim, abandonei o blog junto com as ideias absurdas que ele carrega. Não que eu o negue: poderia eu negar minha própria história, minha própria existência? Mas ah! Sim, tem muita merda ali!

Minhas ideias mudaram, minha concepção de mundo mudou, minha vida mudou, eu mudei. Mas nem tanto assim.

Aquele outro blog, eu o criei por uma razão muito simples, porém crucial para a minha própria existência, para minha própria identidade, direito ao qual me foi negado e continua sendo negado dia após dia, quando eu ando na rua, quando eu apareço publicamente, quando eu tento conversar. No começo de 2011, um "escândalo" familiar me abriu os olhos: eu precisava ter minha própria opinião, urgente. O constrangimento, a intimidação, a violência, a opressão tinham me domesticado a não dizer nada até o ponto que me fez explodir para fora tudo o que já existia do lado de dentro. Mas explodir para fora... para onde? Aonde explodir tudo aquilo, se não aprendi a falar? Eu só sei escrever!

Estava em um planeta estranho, em um mundo confuso e queria sair dali, como a Alice, no país das maravilhas medonhas.
Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?
Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato.
Preocupa-me pouco aonde ir - disse Alice.
Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas - replicou o gato.
Lewis Carrol

Desorientada como uma cega no meio de um tiroteio, no fundo eu já sabia que, para ter uma opinião própria, precisava construir uma. Fui assim construindo minha própria identidade a partir do que me foi ensinado, construindo novas ideias e pouco tempo depois deixando elas pelo caminho. Todo mundo pensa, mas ninguém pensa sem um modo de pensar e ninguém muda o modo de pensar sem mudar, ao mesmo tempo, sua própria vida, sua própria existência.

Para explicar de onde saí, por onde percorri e aonde cheguei, precisaria mais do que uma pequena palavra. Por ora, resta-me dizer que não cheguei em lugar algum porque ainda não morri. Sei falar mais do que sabia em 2011, o mundo ao meu redor mudou em muitos sentidos, mas a necessidade de escrever permanece. Sem blog, não deixei de escrever, mas voltou o sufoco e com ele o desespero. Precisei chegar à mesma conclusão que antes: preciso escrever, preciso de um blog, antes que eu me afogue. Um novo blog para uma nova pessoa:

uma travesti marxista.


P.S.: Melhor deixar aqui este aviso antes que alguém venha reclamar.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog e bem vinda as fileiras do marxismo! Mas saiba que as elites ao longo da historia disseminaram muitas mentiras sob o rótulo marxista e que muito do que a maioria das pessoas conhece hoje como marxismo, não passa de grosseiras distorções estalinistas. O caminho é tortuoso e desafiador para aqueles que escolhem esta senda. Boa caminhada. Nos vemos nas lutas.

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  2. Genty, a borboleta saiu do casulo! Parabéns, Jéssica! Sigamos nas lutas até o socialismo! Sucesso! Bjos leninistas e trotskistas pra vc!

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